O RIO PARIU UMA CIDADE
O Rio que gerou Barreiras não teve tempo para resguardo
Por Gelson Vieira
18/10/2024 15:06

Amanhã será sábado! O décimo nono dia de outubro. O Cineclube Flor do Trovão exibirá na Praça da Igrejinha, a partir das 19 horas, um filme que fala sobre o Rio Grande, o veio d’água que pariu Barreiras. O vídeo é intitulado por “Um Rio Grande que Ficou Pequeno”. Trata-se de um Trabalho de Conclusão de Curso – TCC / 2016, sob a responsabilidade dos alunos do curso de Produção Audiovisual, da então Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB hoje UNISSAU/UNIFASB. O documentário registra a relação das pessoas com esse veio d’água tão importante para a vida municipal e de outras cidades rio abaixo em busca do São Francisco. A narrativa destaca a história do Rio Grande, a pesca os pescadores; as lavadeiras, seus saberes e fazeres; os areeiros suas contribuições para o desenvolvimento local e para o sustento de suas famílias; a degradação ambiental, a beleza natural e sua diversidade. O vídeo questiona ainda o papel de cada um no processo de convivência e cuidado com o meio ambiente. O Rio que gestou e pariu Barreiras, a partir de suas entranhas formadas pelos peraus e redemoinhos, alimenta com seu cordão umbilical os poetas, compositores, cantadores, artistas do pincel e do teatro. Eles, os fazedores de arte promovem o Rio, o defendem com suas bandeiras e estandartes em uma verdadeira e permanente manifestação de defesa da vida. O próprio documentário “Um Rio Grande que Ficou Pequeno” é também uma metáfora que nos faz repensar o que até então fizemos positiva ou negativamente enquanto pessoas moradoras em suas margens.
A ocupação humana nestas bandas do Oeste da Bahia alterou e modifica a pluviosidade e a fluviosidade das fontes e dos veios de água. Pois, a pluviosidade refere-se à quantidade de chuva que cai em uma determinada área durante um período específico de tempo. É medida em milímetros (mm) e é um componente importante na composição do clima de uma região. Enquanto a fluviosidade diz respeito ao comportamento dos rios e cursos d’água, incluindo o volume de água que eles transportam e suas variações ao longo do tempo. A fluviosidade está relacionada ao regime de escoamento dos rios, que pode ser influenciado por fatores como a pluviosidade, a topografia e o uso do solo. O poeta Clebert Luiz repara a diminuição das águas e o labor de quem lavava roupas no Rio Grande. As palavras pensadas foram transpostas para o papel ao se lembrar de Olga: (fragmento poesia de Clebert Luiz)

A LAVADEIRA OLGA “(Todos os lagos, lagoas de Olga/ e as mágoas se afogam..) Olga rodeada de lavadeiras; cada uma com sua rodilha pra amaciar e equilibrar a bacia na cabeça; todas postas de molho, molhadas da cintura pra baixo. A vida aos trancos e barrancos: vida torcida e retorcida como uma peça grossa de roupa;” (...)

O Rio nunca se conteve em seu próprio leito, nunca descasou ou se apartou das pessoas que dele e nele refizeram suas vidas e dos seus. O rio desde o trabalho de parto que gerou Barreiras não teve tempo para resguardo. Pelo contrário... Pela poetisa Ignez Pitta o rio nunca nos abandonou:

(fragmento poesia de Ignez Pitta) “O Rio Grande faz curvas pra dar um abraço em Barreiras em forma de coração. Cada curva desse rio é um pedaço de afeição. O rio Grande faz curvas pra poder ficar mais tempo quando passa por Barreiras cada curva desse rio quer ser nossa companheira”

Uma das características do cineclubismo é promover uma roda de conversa após a exibição de um vídeo. Neste sentido, este texto é iniciador das reflexões, pontos de vista e diálogos que serão realizados neste sábado (19) às 19 horas na Praça da Igrejinha. Um abraço e até lá.

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